O Trabalho dos pés no teatro

Olá estudantes das artes cênicas, segurando firme esse meio de ano? Hoje vamos falar sobre eles que nos sustentam, como trabalhá-los e a simbologia por trás deles para o teatro e a interpretação: os pés. Ficou curiosx? Vem com a gente!

Nosso estudo de hoje parte do princípio de que para se trabalhar o corpo em sua plenitude no momento da interpretação, você tem que começar pela base, ou seja, pelos pés.

A primeira coisa que precisamos fazer é uma anamnese, ou seja, um olhar clínico baseado na história dos seus pés. Eles tem algum ferimento? Alguma dor? O odor, é agradável ou desagradável? Em francês, há a expressão savoir prende son pied, que significa literalmente “saber segurar seu pé”, mas que tem uma conotação de ter a capacidade de sentir prazer. E para nós enquanto artistas e intérpretes, saber experimentar a sensação de prazer em estar sobre a terra é fundamental para a criação da vida nos palcos.

Jean-Yves Leloup, escritor do livro “o corpo e seus símbolos”, faz um paralelo psicológico do estudo dos pés com o entendimento de nossas raizes, de nossa existência. Como você se sente ao ter seus pés sobre a terra, ou seja, sobre a sua caminhada na vida? Você tem orgulho de onde vem? Você se sente desejado e amado pela vida? E mais importante TeE, para que eu preciso me questionar essas coisas se eu quero “simplesmente” atuar?

Calma que já vamos chegar lá. Compreender e aceitar as nossas raízes está intrinsicamente ligado com a nossa habilidade de construir verdadeiramente a base dos nossos personagens. Para o psicólogo Paul Diel, “o pé é o símbolo da nossa força. É o suporte que temos para permanecermos eretos em nossas vidas”. Então enquanto você está em cena, experimentando a vida de um personagem em seu corpo, se pergunte: como que essa pessoa apoia os seus pés no chão? Perceba que a resposta não é tão simples, e que não está única e exclusivamente ligada a uma ideia simplista de posicionamento na cena.

Lembremos de histórias da mitologia grega: Édipo, em grego, quer dizer “aquele que tem os tornozelos inchados”; já Aquiles tinha seu único ponto fraco em seu calcanhar; e Hermes, o mensageiro dos deuses, tinha os pés alados. Ou por exemplo, o príncipe encantado procura a Cinderela com o que mesmo? E Jesus lavava os pés de seus discípulos, certo?

Perceba que a simbologia e a mitologia dos pés estão imbuídas de um caminho de transformação e individuação. Em hebraico, o termo regalo (Reguel) tem o mesmo nome tanto para pé quanto para festa, pois acredita-se que os pés são a porta de entrada da alegria em nosso corpo.

Portanto, os pés, enquanto começo do corpo, precisam ser bem cuidados, entendidos e tratados com muita seriedade. O equilíbrio do corpo, do psiquismo e da vida espiritual estão todos diretamente ligados ao equilíbrio dos pés, do nosso enraizamento. E é por isso que na próxima vez que você for criar um personagem, comece pelos pés!

E você, como estão os seus pés?

Autor: John Marques.

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