José Alves Antunes Filho, nasceu em SP em 12 de Dezembro de 1929. Autor, Produtor, dramaturgo, diretor, preparador corporal, foi um garoto difícil, se envolvia em encrencas com os amigos e era muito inquieto. Na juventude, chegou a entrar na Faculdade de Direito da USP, mas desistiu do curso para estudar artes dramáticas.
Quando jovem, não parava em emprego algum, até ser contratado como contínuo (tipo um office-boy) no cadastro imobiliário da prefeitura. Lá ele conheceu Osmar Rodrigues Cruz, que foi quem o conduziu aos palcos e começou a mudar su vida.
Durante o trabalho, Antunes e Osmar conversavam muito sobre teatro, até que em 1947, Osmar o convidou para assistir uma peça de seu grupo no municipal. Daí em diante Antunes não saiu mais do teatro, entrou para o grupo de Osmar como um faz tudo.
Estreou como ator em 1948 em: Adeus, mocidade, uma opereta italiana de Sandro Camasio e Nino Oxila, traduzida por Oduvaldo Vianna, pai. Mais tarde, desistindo da carreira de ator, fundou um grupo junto a amigos onde assumiu a função de encenador. Em 1951, ao lado de Osmar, estreou o teleteatro da TV TUPI, o que o fez por um bom tempo, conhecido nas telinhas e não tanto no teatro. Um ano depois foi para o TBC como assistente, a convite de Décio de Almeida Prado. Lá, trabalhou com conhecidos profissionais estrangeiros que vieram ao Brasil para elevar o trabalho dos profissionais do TBC e que influenciaram toda uma geração: Zibgniew Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.

Profissionalmente, estreou como diretor em 1953, com a peça Week-end, de Noel Coward, no TINB (Teatro Intimo Nicete Bruno). Como dirigiu seu segundo espetáculo profissional apenas 2 anos depois da estreia como diretor, teve seu nome por muito tempo mais vinculado a TV. Em 1958, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia e dirigiu o espetáculo “O Diário de Anne Frank”, ganhando prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Ficou na companhia até o início dos anos 1960, quando voltou ao TBC.
No teatro, Antunes colabora com a inovação do fazer teatral brasileiro e transforma sua estética:
– Contribui para a introdução da técnica do laboratório;
– Apura técnicas de uso expressivo do corpo;
– Desenvolve um método de formação baseado no estudo teórico e experimentação.
Desde o início, exige dos atores absoluta consciência do espaço físico e da trama.
Para ele, o trabalho dos atores deve ser amplo a ponto de abraçar todos os aspectos da montagem, já que a base de seu método de trabalho é a busca do maior conhecimento possível sobre o universo da peça, para isso, equipes são montadas em prol do maior conhecimento em torno do trabalho.
Segundo Antunes Filho em entrevista concedida para o Diário de S. Paulo: “Se massacrar é obrigar o ator a estudar, a assumir responsabilidade do momento em que vive, é fazer do ator o senhor dentro do palco e dentro da história em que ele participa, então, nesse sentido, massacro o ator. Eu o quero independente, eu o quero senhor absoluto do palco […] o ator terá que ser ao mesmo tempo cientista, artista, físico, matemático, professor de literatura, político e sociólogo. Pode ser meio utópico o que vou dizer, mas o ator será a grande síntese do conhecimento humano. […] Se mostrar tudo isso ao ator é massacrar, então eu o massacro”.
Entre 1959 e 1960, passa uns meses na Europa. Na Itália faz um estágio com Giorgio Strehler no Piccolo Teatro de Milão. Já dee volta ao Brasil, dirige um polêmica montagem de As Feiticeiras de Salém (1960). O texto de Arthur Miller (1915-2005), é tratado pela direção com uma abordagem épica, já que na viagem Antunes é marcado pelo teatro de Brecht, desnorteando crítica e público.

Realiza Macunaíma, que estréia em setembro de 1978, sua obra mais importante, que traz grande prestígio a sua carreira como diretor. A montagem tem origem em uma oficina teatral, que gira em torno da obra de Mário de Andrade. Ensaiam durante um ano, assim Antunes aprimora seu método de tornar os atores criadores de um processo e de uma linguagem.
Macunaíma traz a luz um novo processo de criação: construir uma dramaturgia a partir de um texto literário. A encenação explora diversas dinâmicas de um teatro coletivo, alcançando os contornos míticos propostos pelo texto. Macunaíma torna-se o espetáculo brasileiro mais visto e aplaudido no exterior, visitando inúmeros países em todos os continentes, participando de festivais e ganhando prêmios internacionais. Aqui, é reconhecido como um marco da encenação.
É fundado em 1982 o Centro de Pesquisa Teatral, CPT, que nasce para desenvolver e ampliar as propostas do Sesc e do então grupo Macunaíma, liderado por Antunes, para realizar suas pesquisas e incrementar a logística de infra-estrutura, uma vez que as excursões obrigam constantes remontagens e modificações no elenco. Confundem-se, desde então, as atividades do Grupo Macunaíma com as do CPT.
Depois desses que foram citados, e muitos outros feitos em prol do teatro brasileiro, Antunes nos deixa em Maio de 2019 por conta de um câncer no pulmão.
VEJA O QUE MARCOU A CARREIRA DE ANTUNES FILHO
– Ganhou destaque e prestígio como diretor teatral ao montar “Macunaíma”, baseado na obra de Mário de Andrade, em 1978;
– Criou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo teatral por onde passaram importantes nomes do teatro nacional;
– Integrou o Teatro Brasileiro de Comédia entre os anos 50 e 60;
– Fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia na década de 1950;
– Produziu e dirigiu o filme “Compasso de espera”, em 1973, sobre o racismo (ANTUNES ERA FACINADO POR CINEMA);
– Montou obras de Nelson Rodrigues e William Shakespeare;
** O público agora tem acesso digital a obras como “A Pedra do Reino” (2006), “Toda Nudez Será Castigada” (2012) e “Blanche” (2016). Também estão disponíveis os seis episódios da série “O teatro segundo Antunes Filho”, co-produção do SescTV, além de depoimentos inéditos sobre o diretor: https://sesc.digital/colecao/antunes-filho
Texto por: Gabrielle Risso
Bibliografia:
Enciclopédia itau: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18335/antunes-filho
Antunes Filho: poeta da cena – por Sebastião Milaré