TeE Análise: Estética

Já ouviu falar sobre o termo estética? Calma, não estamos falando sobre harmonização facial e peeling (talvez, até estejamos em certo grau), mas o texto de hoje é uma análise sobre discussões acerca da estética teatral usada nos palcos. Vem com a gente!

Pra começo de conversa, pensar e fazer o teatro necessariamente implica em pensar na forma, o como fazer, e no conteúdo, o que fazer, e sua relação que pode ou não ser contraditória. Como assim? Por exemplo, eu posso querer montar Hamlet de Shakespeare (meu conteúdo) em um palco italiano, com figurinos e cenografia realistas (a forma). Mas eu também posso fazer Romeu e Julieta ambientando o romance e a luta de uma família de ratos. As possibilidades de criação da forma, da estética, são intermináveis.

Romeu e Julieta encenado pelo grupo Galpão (MG)

Entendendo as possibilidades do fazer artístico, durante toda a história da humanidade, muitas pessoas discutiram se a arte servia ou não para a sociedade. Desde Platão, Kant, Hegel e até pensadores contemporâneos como o Leandro Karnal e outros discutem sobre a importância e a relevância da arte na sociedade, em especial o teatro. Se arte é um campo não limitado do fazer humano, porque o ser humano o faz? (Hoje eu to poético).

O teatro sempre foi um meio de comunicação forte, pois é um instrumento de reflexão e convocação do público para o confronto e posicionamento, sendo considerado ‘perigoso’ por muitos, por possibilitar que as pessoas se revoltem contra governos autoritários e abusivos, por exemplo. Para além do pensamento, a crítica teatral geralmente apresenta ideais para se por em prática, ou seja, tomar atitudes que realmente mudem alguma coisa.

E porque falar disso para começar a falar de estética? Já entendemos que a estética envolve o “como”, os caminhos escolhidos para dar vida ao palco, e que do palco podem surgir grandes movimentos sociais, então será que as escolhas estéticas que fazemos para a cena tem grande importância? Um dos primeiros julgamentos de gosto que fazemos acerca de qualquer questão é estético: o que é belo ? E quem define o que é bonito no teatro, na arte? 

A beleza é subjetiva, ou ela é definida por um senso crítico comum ou especializado?

Immanuel Kant define o belo como: “aquilo que a partir dos sentimentos de prazer/desprazer por meio da imaginação em cima da obra de arte”. Já Hegel define que o belo artístico é superior ao belo natural, pois segundo ele, tudo que advém do espírito é superior ao que é natural, valorizando a criação e desvalorizando a imitação. Schopenhauer diz: “os limites do meu campo de visão se tornam meus limites de mundo, portanto minha definição de beleza é limitada”. 

A fonte – Marcel Duchamp

Marcel Duchamp em 1917 pega um mictório comum, desses de banheiro, vira-o de ponta cabeça, assina e põe em uma exposição de arte. Surge daí grandes embates para os cabeções das artes: o que é arte ? Uma obra de arte considerada boa, de “qualidade”, é considerada bela? O que agrada e porque agrada?

Onde queremos chegar com todas essas informações, você pode estar se perguntando. Pensa com a gente, a estética de qualquer coisa influencia nas nossa escolhas diárias, desde a roupa de cama que você compra, até quem você segue no Instagram, por exemplo. Mas para além de questões mais superficiais, já vimos que há enorme relação arte e política, além de hoje termos as grandes mídias sociais que estão o tempo todo no “influenciando” a partir de estéticas específicas. Então se a estética das coisas tem influência direta em como consumimos produtos básicos, é primordial que levemos em conta que nossas escolhas estéticas em quanto artistas e seres humanos afetam diretamente como o público consome nossa arte, e mais, o que pode fazer após.

Se por exemplo, quisermos fazer teatro político, levando em conta que o termo politico afasta (por não ser comercial) e atraí (um público específico e interessado no que você tem para dizer), é possível através de escolhas estéticas ter um impacto social e artístico muito maior do que somente dizer em voz alta a sua opinião e crítica social.

Pensar e debater a estética de sua criação teatral pode ampliar as possibilidades e intensidades de como seu trabalho é consumido. Incrível né? E você, já leu algum texto específico sobre estética, ou tem alguma opinião diferente da nossa? Comenta aqui em baixo que nós amamos interagir com vocês. Evoé e até o próximo texto!

Autor: John Marques

Referências:
DANTO, A.C. O abuso da beleza.
SUASSUNA, A. Introdução à estética.

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