Como reproduzir algo que mora no nosso imaginário há tantos anos sem cair na mesmice e ficar algo forçado? Ou melhor, como homenagear aquele que, há 35 anos, nos faz rir e chorar com um pobre garoto órfão?
Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia acertaram em cheio e trouxeram “Chaves – O Tributo Musical”, justamente a resposta perfeita para essa pergunta. Perfeita em todos os sentidos! Com uma história leve e cativante escrita por Fernanda, a peça é uma grande homenagem a um dos maiores ícones do humor mexicano, Roberto Goméz Bolaños, o Chespirito, falecido em 2014.

O musical mostra a imigração para o Céu dos Palhaços e só quem for um palhaço de verdade pode entrar. Na fila de espera está Chespirito, representado por Fabiano Augusto, que deve mostrar que, em vida, fez as pessoas rirem sem precisar pintar o rosto ou calçar um sapato tamanho 48, pé chato.
E como homenagear o criador sem apresentar a sua maior criatura? E aqui isso é feito com maestria.
A sensação que temos ao ver a Vila do Chaves e seus moradores é incrível, nos sentimos dentro da vila do velho programa, com direito a todos os clássicos bordões, trejeitos e músicas!
Mateus Ribeiro, Carol Costa e Diogo Velloso estão incríveis como Chaves, Chiquinha e Kiko. Eles souberam reproduzir muito bem as figuras imortalizadas por Bolaños, Maria Antonieta de las Nieves e Carlos Villagran e ainda conseguiram colocar trejeitos próprios, tirando completamente o ar de imitação.
André Pottes, Maria Clara Manesco, Ettore Verissimo, Andezza Massei e Patrick Amstalden também trouxeram vida nova aos já tão bem conhecidos e cativantes personagens do seriado, Seu Madruga, Dona Florinda, Sr. Barriga, Dona Clotilde e Professor Girafales. O dueto entre o Professor e a Dona Florinda, com o clássico “Somos Cafonas” e a divertida cena entre Seu Madruga, Sr. Barriga e Dona Clotilde com a inédita “Madruga” são de tirar o chapéu, mais um ponto para a direção.
Não posso deixar de comentar dos responsáveis por cuidar do Céu dos Palhaços, que nos fazem rir como se estivéssemos num verdadeiro picadeiro. Milton Filho, Dante Paccola, Davi Novaes, Larissa Landim, Lucas Drummond, Marcelo Vasquez e Nay Fernandes são os palhaços responsáveis por levar Chespirito e o público a essa tão deliciosa viagem nostálgica.
Para quem vive o teatro, vive essa ideia de palco, de picadeiro, de piadas e brincadeiras, a peça é mais do que uma uma linda homenagem a alguém tão especial, é uma linda homenagem também ao palhaço que nos faz rir, ao ator que nos faz chorar, ao roteirista que cria aquele personagem, ao diretor que cria uma cena, enfim. “Chaves – Um Tributo Musical” é uma peça que merece ser assistida quantas vezes puder, pois Chaves está aí sendo reprisado há 35 anos e nunca fica repetitivo e tenho certeza que uma homenagem tão linda como essa não se tornará repetitiva também.

Para ambientar o público ainda mais antes do início do espetáculo, uma exposição sobre Chespirito foi criada com o objetivo de oferecer um panorama da vida e da obra de Roberto Gómez Bolaños através de imagens, fotografias e objetos do acervo pessoal do criador do personagem cômico mais icônico do México – e da América Latina também. Inspirada nas cores da Vila e do figurino do Chaves, a exposição ocupará o foyer do Teatro Opus e permanecerá aberta ao público durante toda a temporada de Chaves – Um Tributo Musical.
Então não perde tempo e leve toda família, Chaves – Um Tributo Musical é diversão garantida para seu fim de semana!
Informações:
Horários: Sexta-feira, 21h | Sábado, 16h e 20h | Domingo, 15h e 19h
Duração: 120 minutos
Classificação: Livre
Teatro Opus (4º Piso do Shopping Villa-Lobos)zx
Av. das Nações Unidas, 4777 – Alto de Pinheiros – São Paulo